Tanabi 'Pensa'. Eu, reflito

(Sobre o jornal bimensal tanabiense, chamado Tanabi Pensa)



Uma frase pronta, muito apropriada: “O debate expande o escopo do nosso conhecimento e aprimora a investigação. Portanto, não deve ser receado nem evitado”. Desconheço o autor, mas compartilho de seu teor filosófico. O recém-relançado jornal Tanabi Pensa, em seu Ano 1, N.º 1, datado de 13 de dezembro de 2013, conhecido em Tanabi como o ‘Jornal do Zé Francisco’, traz em seu Editorial o título “O retorno do debate”.

O Tanabi Pensa apresenta no mencionado editorial, nessa sua reestreia impressa, uma biografia recheada de adjetivos e predicados que chegam a colocar o delegado (advogado) José Francisco de Mattos Neto, e ex-prefeito por dois mandatos consecutivos, de 2005 a 2012, em um pedestal, digno de adoração como um semideus. Para isso, pelo jeito, só falta mesmo esculpir uma imagem de gesso, bronze, ou ouro, e, com certeza, esta última, parece ter a medida exata para a exaltação ao contemporâneo jovem cidadão, levando-se em conta o nível de espiritualidade, humanismo e ‘elevada’ conduta político-partidária do ex-prefeito, segundo o que o artigo expõe de sua trajetória na vida pública local, que, no mínimo, o faz ser o maior ‘herói tanabiense’ da história do velho Arraial do Jatay.

O respectivo periódico tinha tudo para ser um semanário ou bimensal informativo, e sem ranço político. Mas, ao se auto intitular como ‘rei do debate’, embate ou um órgão de imprensa com linhagem desvinculada, imparcial e independente, pecou ao demonstrar, paradoxalmente, que se mostra favorável à existência de uma mídia defensora do ‘contraditório’, ao mesmo tempo em que critica insistentemente um jornal existente na cidade, lançado poucas semanas antes do retorno do Tanabi Pensa, que, em sua ideologia ou linha editorial, apresenta justamente ‘o contraditório’, só que em curso de colisão com a opinião tanto de José Francisco, como de inúmeros nomes mencionados como membros do Conselho Editorial do periódico dele (ZF), claro, partidário e situacionista em termos da governabilidade local.

O jornal deixa claro que chegou com sede de vingança. Aliás, foi restabelecido às pressas com a finalidade de cumprir o que trecho do editorial destaca, ou seja: “Na defesa de um município forte e em sintonia com as forças sociais que crescem no Brasil, o Jornal “Tanabi Pensa” renasce para rebater as ofensas e infâmias perpetradas pela oposição, mas de forma respeitosa e verdadeira, sem apelos sensacionalistas e irreais”. 

E segue, apontando que “Desta forma, o cidadão tanabiense terá como comparar a verdadeira essência dos dois projetos políticos existentes em Tanabi, porque não adianta chorar os ataques cruéis da oposição. A ideia é fazer do limão uma deliciosa limonada e aproveitar este momento para demonstrar quais são as políticas que trarão de fato benefícios para o povo de Tanabi. Agora, “Tanabi Pensa”.

Se o referido jornal se propõe a apresentar, “de forma respeitosa e verdadeira, sem apelos sensacionalistas e irreais”, os fato de Tanabi, por que desrespeita uma autoridade constituída e concursada, o oposicionista parlamentar Valdir Uchôa, que é vereador e investigador de polícia, tratando-o com o jocoso termo de criatura ‘misógina’, sabendo ele, José Francisco, que a expressão em desuso, porém dicionarizada, significa “Desprezo e aversão mórbida do homem ao contato sexual com as mulheres”? 

E isso, segundo os dicionários, é um termo aplicado exclusivamente no campo psíquico, o que agrava ainda mais o julgamento da tal suposta 'postura' do vereador, pois a publicação nos parece ter sido calculada para apresentar uma dúbia interpretação, ultrapassando o campo da ofensa pessoal, deixando pairar no ar a insinuação de que Valdir Uchôa seria portador de doença psíquica, e também homossexual. 

Neste ponto, a publicação fica bem caracterizada como ‘preconceito à sexualidade de outrem. E a homofobia, se for este o caso, trata-se também, hoje em dia, de um ato criminoso, tanto quanto o praticante dos termos constituídos na elaboração da Lei Maria da Penha, a rigor, citada por Zé Francisco em seu referido artigo, para dissimular a ideia de um possível entendimento de ‘rejeição à opção ou preferência sexual’ de Valdir Uchoa, se considerarmos que não era essa a intenção ao articulista do Tanabi Pensa, pois estaria ele sendo incoerente com o próprio nome do periódico, ao publicar algo impensado e de forma tão irresponsável.

Na entrevista de capa, da edição inaugural do retorno do Tanabi Pensa, José Francisco menciona na matéria intitulada “Por que a oposição ataca ferozmente Zé Francisco?”, que em determinado local “é criado o jornal da oposição (O Tanabiense), cujo objetivo é disseminar o ódio, ataques pessoais e mentiras”. Acrescenta o delegado José Francisco que “Todos os vereadores de oposição, o empresário Pacheco e o dono do escritório (tal local de reunião da oposição), dão uma mesada para o responsável pelo ‘jornalzinho’ da oposição”.

Na palavra jornalzinho, mencionada acima, com menosprezo por José Francisco, o grifo destacado é meu, entendendo o quanto ele rejeita e expõe, ou seja, dissemina igualmente, sua ojeriza, repulsa e repugnância (sinônimos de ódio), ao periódico concorrente, ou propriamente dito, à pessoas que o representam. A menção do termo ‘dão uma mesada ao responsável pelo jornalzinho’, é algo que chama a atenção também para o Tanabi Pensa. Constatando-se que em suas quatro páginas não existe um só quadro de anúncio, não seria deselegante de minha parte perguntar quem (semelhantemente), paga ou quem recebe a tal “mesada” para que o jornal não se limite à veiculação na mídia digital, e seja impresso e distribuído de graça em toda a cidade?

No fim da entrevista de José Francisco (na capa), ele chama seu jornal de ‘contraditório político qualificado’, deixando claro que, no caso do concorrente O Tanabiense, o contraditório debatido em suas páginas é exatamente o oposto do dele, ou seja, ‘desqualificado’. E a pergunta é, por que desqualificado? Por que é contra seu grupo político? E o slogan do Tanabi Pensa? “A Política (com P maiúsculo) sem polêmica é a arma das elites”. Quem forma em Tanabi o ‘grupo das elites’? Quem ostenta na cidade o poder de mandar e desmandar a bel prazer? O recebedor da chamada ‘mesada’ do ‘desqualificado e contraditório’ jornal oposicionista, segundo o posicionamento do ex-prefeito, em relação ao ‘disseminador de ódio e mentiras’?

Em meu conceito, a ‘política sem polêmica pode ser a arma das elites’, porém, muito mais que isso, “o eleitor com discernimento tem a arma contra a polêmica da política das elites”. O voto. E pena que, às vezes, ele é mal empregado, por causa da sinistra receita da troca de favores e do Toma Lá Dá Cá. Um comportamento reprovável e agressivo comum na política eleitoral, vinda de todos os lados e de todas as facções partidárias.

Esse não é meu artigo principal. É apenas o introdutório, falando em linhas gerais do relançamento do Tanabi Pensa (e pensa que é acima da média, um ledo engano). Preparo o artigo que me fez refletir nessa abertura sugestiva de José Francisco ao anunciar que ‘O debate está de volta’. Que bom que ele tomou a iniciativa de abrir o leque para que possamos, também, dentro de nosso conceito de jornal ‘do contraditório centrado, pé no chão e imparcial ‘, pois também falaremos das gafes do O Tanabiense, que chegou primeiro que o retorno do ‘pensador’ do Zé, porém, com muita sede ao pote, deixando rastilho de pólvora (também).

Até lá, ou seja, até o meu segundo artigo relacionado a esse tema, intitulado ‘Tanabi Pensa e suas incoerências’. Tinha pensado também em algo como ‘sua falta de transparência’, ou algo semelhante, pois o que abordarei tem mais a ver sobre a falta de citações do editor-chefe do jornal sobre o que ele denuncia hoje, e o que esquece de dizer do passado, fazendo uma cortina de fumaça que nos tira a completa visibilidade de fatos e dados históricos sobre sua entrada na política partidária, da administrativa e na pior delas todas, a política da retórica.

Abaixo, espaço livre para o departamento de criação de artes do Jornal da Região, apresentando, ainda dentro de nosso contexto editorial, charges, figuras, fotos ou outra forma qualquer de livre manifestação artística.

Palestina, 20 de dezembro de 2013.

Antônio Evangelista Neves diretor proprietário do Jornal da Região, e autor dos artigos publicados no Blog ‘Neves Tirando de Letra’.


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