Depois da Rio + 20 (do ponto de vista de Antônio Evangelista Neves)
Estamos em pleno século 21 (vinte e um)
e durante todo esse período cronológico decorrido desde o ano um (1) D.C, o
Planeta Terra vem sendo dirigido por aqueles que detém o poder sobre povos e
nações. Quer pela força da truculência (os conquistadores), ou pela força
dissimulada numa pseuda e imposta superioridade sobre os seus semelhantes,
acobertados por regras, normas e leis por eles mesmos criadas, desenvolvidas e
adequadas conforme seus próprios interesses, deixando os governados numa total
dependência de seus modelos e métodos de governar (os atuais governantes).
O certo é que seus propósitos e modelos
aplicados sempre subestimam e submetem os povos “conquistados”, e denominados
por eles como índios, silvículas ou nativos, dispensando a estes um tratamento
como se fossem seres inferiores (desumanos), portanto, sem considerar e
respeitar sua cultura, crenças e hábitos de cada conjunto étnicos. Trazê-los
para a “civilização” contemporânea, creio que será inevitável infelizmente,
mas, que seja feito de maneira respeitosa e inclusive absorvendo alguns de seus
hábitos, quando se trata do respeito para com a natureza geográfica e humana,
bem como sua fauna e flora.
Ocorre que se o planeta ainda estivesse
sob o domínio desses povos, os nativos e aborígenes, com certeza ainda estaria
preservado quanto a sua biodiversidade hoje tão propalada por parte daqueles
que a infringiram e a desrespeitaram e ainda vem degradando-a em benefício
próprio em nome de um progresso unilateral.
Aqui no Brasil, por exemplo, a mata atlântica,
a Amazônia, o cerrado, bem como outros biomas, ainda estariam quase que
intocados, assim como a serra pelada estaria vestida e os rios da região não estariam
contaminados pelo mercúrio. E mais, o rio Tietê em São Paulo estaria vivo e não
um esgoto aberto bem como o rio Pinheiros que deixou de fluir no seu sentido
natural como no princípio, para com sua inversão, levar parte do esgoto
paulistano para a represa de Guarapiranga.
Já no Rio
de Janeiro a Lagoa Rodrigo de Freitas ainda seria um berçário para a fauna aquática
e não uma grande fossa aberta de dejetos orgânicos (esgoto mesmo), a Baia de
Guanabara não estaria estocando a lama negra no seu fundo e nem lixo flutuante
nas suas encostas e manguezais. E lá no Nordeste, o rio São Francisco não teria
sua foz invadida pelo oceano, por falta do transporte de seus sedimentos e
assim por diante, ou seja, em todos os lugares onde o homem moderno se fixa em comunidade
com seus hábitos e costumes, a degradação ambiental está inerente ao seu modelo
de vida infelizmente. Até quando?
Sendo assim, aconselho e proponho para
que no próximo encontro entre nações preocupadas com o destino do globo
terrestre, quanto à sua biodiversidade, e que seja breve, medidas deverão ser
tomadas em favor do planeta, com imparcialidade, pois, o tempo urge quanto à
possibilidade de amenizar os males causados, ou até mesmo para uma sobre vida,
pois, reverter, parece ser uma utopia por gerações e gerações.
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Índios participantes da reunião da Rio+20 |
Sugiro que os futuros palestrantes,
defensores e debatedores ou ainda entre eles alguns que tenham participado do
evento Rio+20 em defesa da biodiversidade no planeta, que antes de se reunirem
pomposamente pousando como “Salvadores da Pátria” e, por extensão, do Planeta, porém,
sem abrirem mãos dos hábitos e costumes nefastos e devastadores, que façam
antes um estágio numa comunidade nativa em seu país, se ainda houver alguma, senão
em outro, mas, que seja num grupo com hábitos e costumes próprios, ou seja, sem
a prática da cultura e valores do homem branco.
Tal procedimento serve para não
incorrer no erro já algumas vezes praticado, quando se discutia e ainda
discutem o combate à fome no mundo, numa reunião entre os principais lideres
mundial nos quesitos recursos e poderes, sediada num dos palácios do anfitrião,
ao redor de uma mesa farta saboreando finos pratos e iguarias regados com os
melhores vinhos espanhóis e champanhe francês, assim, quem vai pensar na fome
dos outros com tanta fartura a disposição, e ainda, custeada de certa forma por
aqueles que passam fome, parece incrível, mas é o que vem ocorrendo.
Por tudo isso, torna-se necessário sentir no
próprio estômago quando se trata da fome dos outros, e desconforto físico num
ambiente insalubre para seus padrões, quando se trata de meio ambiente ou
biodiversidade.
Os participantes querem sejam eles
palestrantes ou defensores de metas a serem colocadas em prática no seu país visando
o benefício próprio, fazendo propostas indecorosas que possa trazer prejuízos
para os demais, ou ainda rejeitando posições consensuais da maioria bem
intencionada, terão que refletir melhor quanto a real possibilidade de estarem
no mesmo barco, pois, ninguém estará seguro em lugar algum, se o próprio
Planeta entrar em colapso. Pois, ir para onde?
Assim, é preciso refletir que; enquanto
poucos já possuem muito e ainda armazenando mais como se fossem viver
eternamente a vida material, outros nem chegam a maior idade pela mesma razão,
porem, a causa é uma só, ou seja, a desigualdade acentuada em todos os níveis. Onde está a tal fraternidade? Sei que é
muito falada, mas infelizmente pouco praticada por aqueles que detém recursos e
poderes.
Palestina, 27 de junho de 2012.
Autor: Antônio Evangelista Neves:
Diretor do Jornal da Região.
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