Saindo da fossa

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Do fundo de uma fossa negra semiaberta (a privada sanitária, ou casinha onde pessoas sem o devido sistema sanitário, fazem suas necessidades fisiológicas) uma larva entre tantas, emerge daquele lodo fecal e se transforma em mosca.
Após um curto período naquele ambiente observando onde e o que já fora, ela percebe uma saída para o ambiente externo e sai mesmo que essa saída esteja sendo usada como entrada por algum usuário se livrando de seus dejetos.

Fora daquele ambiente fétido e insalubre, e juntamente com outras co-irmãs oriundas da mesma ou de outra fonte de proliferação, saem em busca de uma nova fonte de putrefação para ali se alimentarem e por os seus ovos que após eclodirem, encontrarão farto material  para perpetuar a continuidade da espécie.

No meio urbano, diante os maus hábitos e costumes dos humanos, as moscas, dispõem de enumeras opções para por em prática esse processo de proliferação, já no meio rural, as carcaças de animais mortos ou até mesmo seus dejetos, enquanto vivos, servem de berçário e alimento para os tais, e outros insetos.

Ocorre que uma mosca adulta gerada numa fossa jamais faz o caminho de volta por falta de opções, pois aquele ambiente lhe fora imposto quando num outro estágio de sua vida, ou seja, quando ainda ovo, e provavelmente colocado em outro local.


Bem, quero aqui abordar uma correlação entre alguns seres humanos primeiramente com a mosca adulta e depois, com o sapo porem, sem induzir qualquer juízo quanto à origem entre os mesmos, mas sim, quanto aos seus procedimentos individuais.

Certos seres humanos, não tem a ousadia da mosca para transpor a passagem de saída para um mundo exterior embora, no sentido figurado tendo asas para voar, se contenta em ficar olhando para baixo outros ainda no estágio que se encontrava anteriormente, dando por satisfeito em poder circular na parte gasosa daquele ambiente e não na pastosa como antes.

Outros transpõem a passagem, mas com um grau de miopia como a do sapo que vê alguma coisa se mexer até a uma distancia de um metro, e se for de seu interesse, se aproxima até a uns trinta centímetros, para certificar com mais nitidez e aguarda mexer de novo já a uns quinze centímetros da vitima, e ela já era, salvo se for uma vespa ou marimbondo que será por ele cuspida rapidamente.

Dessa forma, o sapo vive conformado no seu pequeno mundo, pois a cada metro, é um mundo novo para ele. Penso que se ele com suas limitações, se sentiria muito frustrado caso visualizasse algo como pássaros voando e pousando sobre as árvores, nuvens se movendo, uma imensidade de estrelas de noite, porem menos o sol de dia, pois, este não lhe é benéfico ao atuar diretamente sob ele.

Guardando as devidas proporções, muitas pessoas tem limitações semelhantes a do sapo e não somente no sentido da visão, mas, sim em todos os sentidos que embasam o seu discernimento.

Então vejamos: Tal como uma calculadora que foi projetada e desenvolvida para realizar operações básicas simples, seu circuito jamais suportará um “chip” de uma financeira, uma cientifica, imagine uma capaz de realizar cálculos da matemática quântica, imagine a distância tecnológica entre uma e outra. Assim é o ser humano, se no seu processo de formação não foram desenvolvidos troncos para interligação da rede de neurônios do discernimento superior, à sua atuação será limitada durante a sua vida biológica natural.

Como se não bastasse essas limitações não desenvolvidas em tempo hábil durante a formação do indivíduo, está em expansão atingindo um grande número de pessoas, um mal maior que é a hiperatividade virtual. Essa tem atrofiado e vem atrofiando cada vez mais pessoas físicas ao ponto de serem movidas apenas para atender de forma indevida seus estímulos de ordens involuntárias e isso, por enquanto, pois, acredito que logo terão que adequar dispositivos auxiliares para realizarem suas necessidades biológicas.

Essas pessoas estão perdendo o interesse pelo mundo material, não mais interagindo fisicamente com o meio ambiente de que elas fazem parte, a saber: fauna, flora, esporte e lazer bem como enumeras atividades individuais ou em grupo, em fim, dar ao corpo físico a chance de realizar suas substituições celulares num ambiente aeróbico. Teria outras coisas relevantes a serem abordados, entretanto, por hora está de bom tamanho.


Autor: Antônio Evangelista Neves.
Diretor do Jornal da Região Palestina.

  

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