Matéria atual sobre crise na América Latina reflete os prognósticos de nosso colunista Neves em carta dele enviada a Lula em 2002, que você pode ler nesta página
Na Argentina, Mantega defende mecanismos regionais para conter crise
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu nesta sexta-feira em Buenos Aires a adoção de mecanismos regionais para conter possíveis efeitos da crise internacional na América Latina.

- Precisamos aumentar a integração e fortalecer, neste momento, as instituições que já estão criadas (para reduzir o impacto da crise) – disseMantega.
Segundo ele, para continuar sendo um dos pólos de desenvolvimento do mundo, as barreiras comerciais e financeiras entre os países da região deverão ser reduzidas.
As declarações de Mantega foram feitas no intervalo de uma reunião de ministros da área econômica e representantes dos bancos centrais da Unasul, que terminou nesta sexta, na capital argentina.
- Ficou decidido que nós temos que nos preparar para os eventuais agravamentos da crise que possam nos afetar – afirmou o ministro.
- E nos preparar também para uma crise mais longa dos países avançados, aproveitando a situação que existe hoje na América Latina, que é uma situação melhor, onde todos os países crescem mais.
Sinergia
Mantega disse que o Mercosul foi o primeiro passo para integrar os países, mas defendeu uma “integração maior”, que seria útil nos momentos de turbulência da economia mundial.
- Vejo uma grande disposição dos outros países – como o Chile, Colômbia e Peru – em se aproximar mais e criar essa sinergia entre nós, de modo que possamos enfrentar o momento atual e transformar isso num desafio para que nós nos firmemos como economia latino-americana forte – disse.
Segundo ele, foram discutidos mecanismos de defesa que podem ser “incrementados”, caso necessário. “Por exemplo, o FLAR, que é uma instituição que já está criada, que já tem as suas regras. Mas temos que discutir as condições (para que o Brasil a integre).”
O FLAR é Fundo Latino-americano de Reservas, criado em 1978, e integrado, atualmente, pela Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela.
A instituição funciona como reserva conjunta que pode ser usada nos momentos de crise. O Brasil, informou o ministro, poderia entrar com US$ 500 milhões, em parcelas, neste fundo. Para isso, disse, o Executivo brasileiro deveria primeiro enviar um projeto de lei ao Congresso Nacional.
Mantega também citou o mecanismo do Banco de Desenvolvimento da América Latina, criado em 1970, para financiar o setor regional de investimentos. “A região carece de financiamentos para isso. Não tanto o Brasil porque temos mecanismos próprios, mas os países cresceriam mais com financiamento.”
‘BID desvirtuado’
O ministro disse ainda que existem outros mecanismos em andamento, como o Banco do Sul, que ainda depende de aprovação dos congressos dos países da região. O ministro afirmou ainda que também foi discutido o papel do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para a América Latina.
- O BID deveria ser controlado pelos latino-americanos. Mas ele foi desvirtuado ao longo do tempo – disse Mantega.
O ministro afirmou que, embora a instituição tenha uma presidência latino-americana, ela é controlada mais pelos americanos e até outros países avançados do que pela América Latina.
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